terça-feira, 2 de agosto de 2016

Zico, o goleiro artilheiro, polêmico e lendário

Zico, o goleiro artilheiro, polêmico e lendário
José Aparecido Rodrigues nasceu na cidade paranaense de Andirá em 09 de novembro de 1954. Membro de uma família de lavradores trabalhou até os 18 anos nas plantações da família Matsubara, mais especificamente dirigindo um trator. Ainda criança ganhou o apelido pelo qual passou a ser conhecido no futebol, Zico.
Tinha como diversão aos finais de semana, bater bola com seus colegas de trabalho e tentar marcar um gol em seu pai, José, que era considerado um dos grandes goleiros da região. Em 1974, a família Matsubara fundou a equipe de futebol, Sociedade Esportiva Matsubara, cujo principal objetivo era revelar jovens talentos. Por orientação do pai, foi fazer testes na equipe para a posição de goleiro. Embora tivesse apenas 1,74 m de altura, era muito ágil e foi aprovado.
Pelo fato da equipe do Matsubara, naquele tempo, atuar apenas em competições amadoras, Zico acabou se transferindo para o Nove de Julho da cidade de Cornélio Procópio e logo em seu primeiro ano como profissional, fez parte do elenco que conquistou a divisão de acesso do campeonato paranaense de 1975. Lá ficou até 1977, quando foi para equipe catarinense do Marcílio Dias, retornando em seguida para o futebol paranaense, desta vez para atuar no Toledo.
Em meados de 1979 foi contratado pelo Cascavel, onde voltou a ser campeão da divisão de acesso do estadual. O ano de 1980 foi marcante. A equipe caçula na primeira divisão fez uma grande campanha e deve isso muito as atuações de Zico. No quadrangular final da competição, em 16 de novembro, no estádio Theodoro Colombelli, o popular Ninho da Cobra, ao repor a bola em campo com um chutão para frente, acabou surpreendendo o arqueiro rival, Joel Mendes, marcando o segundo gol da vitória por 3 a 0 frente ao Colorado. Duas semanas depois, o Colorado precisava golear o Cascavel por 5 gols de diferença para ser campeão estadual. Chegou a abrir 2 gols de vantagem ainda no primeiro tempo. Com dois jogadores expulso, outros dois atletas do Cascavel não voltaram para a partida após o intervalo. No primeiro lance do segundo tempo, Zico chutou a bola para fora e caiu ao chão sentindo uma duvidosa contusão. Com apenas 6 atletas em campo, abaixo do numero mínimo, o arbitro Tito Rodrigues encerrou a partida. A decisão do titulo paranaense foi para os tribunais e o titulo acabou sendo dividido pelas duas equipes.
Zico voltaria aos holofotes em 25 de novembro de 1981, novamente em uma partida decisiva frente o Colorado. As equipes se enfrentavam por uma vaga na Taça de Prata de 1982. Durante a partida, que acabou 2 a 2, após um choque com o atacante Freitas, fraturou o braço. Uma vez que as substituições já tinham sido feitas, Zico permaneceu em campo e foi para a decisão por pênaltis. Após defender a cobrança batida pelo atacante Popéia, a disputa continuava empatada. Nas cobranças alternadas, Zico marcou a sua penalidade e em seguida defendeu, de cabeça, a bola chutada pelo goleiro Joel Mendes. O arbitro mandou voltar, alegando atitude antidesportiva. Na nova cobrança, a bola foi batida para fora. A vaga era do Cascavel.
Em 22 de setembro de 1982, inconformado pelo gol impedido do União Bandeirante, na derrota do Cascavel por 2 a 1,em partida válida pelo campeonato paranaense, resolveu protestar com a arbitragem. Ao receber uma bola recuada, sentou sobre ela. A confusão foi generalizada e acabou com invasão da torcida rival. Ao final da temporada foi contratado para atuar pelo Colorado que disputaria a Taça de Ouro, a primeira divisão do campeonato brasileiro de 1983.
Em sua primeira partida no estádio do Maracanã, em 2 de fevereiro de 1983, frente ao Botafogo, após o intervalo da partida, o arbitro, Gílson Ramos Cordeiro, apitou o reinicio da partida sem notar que Zico ainda não voltara do vestiário. Ao notarem isso, os atletas do alvinegro tentaram, em vão, desesperadamente chutar em direção do gol vazio. A cena do goleiro correndo em direção do gol com a bola já rolando, e gritando “olha eu aqui, olha eu aqui...”é,  sem dúvida alguma, uma das mais engraçadas da história do maior estádio do mundo. O árbitro parou o jogo e deu bola ao chão. A partida acabou sem gols e ao final dela, Zico se dirigiu ao juiz para pedir desculpas pela trapalhada dizendo: “o estádio é muito grande, por isso é preciso prestar atenção a tudo o que acontece”.
Embora tenha feito um bom campeonato com o Colorado, ainda naquele ano foi vendido ao Pinheiros. Após uma breve passagem no Comercial do Mato Grosso do Sul, durante o ano de 1984, retornou ao Pinheiros, onde ficou até 1985, saindo de volta ao Cascavel, onde era considerado um herói. Com 31 anos, por conta da demissão do técnico Mosquito, e pelo fato de estar contundido, chegou a atuar como técnico, com a condição de ficar no banco com o uniforme de goleiro. Não queria passar a imagem que teria aposentado. Saiu do Cascavel em 1987, contratado pelo CSA de Alagoas. No ano seguinte defendeu o ASA de Arapiraca.  Em 1989 retornou ao Paraná, para atuar no Grêmio Maringá e encerrar a carreira no Sport de Campo Mourão em 1990.
Zico foi um goleiro de momentos únicos, um protagonista em ocasiões inusitadas, um personagem real que certamente poderia fazer parte de qualquer lenda que tenha o futebol como plano de fundo.

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