Técnico de Luxemburgo afirma: "Não entramos mais para perder"
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O mundo da bola está aguardando com muita ansiedade a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014. Em menos de 50 dias será dado o pontapé inicial do jogo de abertura do Mundial na Arena de São Paulo entre Brasil e Croácia. Enquanto isso, a modesta seleção de Luxemburgo ficará mais uma vez no papel de espectadora.
Os "leões vermelhos", como são apelidados os jogadores da seleção luxemburguesa, nunca se classificaram para um Mundial ou uma Eurocopa. Mas ainda assim as eliminatórias para o Brasil 2014 ficaram na história do futebol do pequeno país europeu. Afinal, a seleção de Luxemburgo, que desde agosto de 2010 está sob o comando de Luc Holtz, nunca havia feito uma campanha tão boa em um torneio classificatório.
"As últimas eliminatórias foram extremamente importantes no nosso processo de desenvolvimento", afirmou Holtz ao FIFA.com, falando sobre a ascensão atual do seu selecionado. "Jogamos partidas em um nível muito interessante, especialmente os jogos contra as seleções 'pequenas', como Azerbaijão e Irlanda do Norte. Não perdemos nenhum jogo contra esses países, mesmo que alguns dos nossos principais jogadores e pilares da equipe tenham ficado de fora por bastante tempo devido a contusões. Em geral, podemos ficar muito satisfeitos com o nosso desempenho. Foi o melhor torneio classificatório já disputado por uma seleção luxemburguesa. E ele deverá servir como um impulso no futuro."
Fim de uma longa série negativa
A evolução de Luxemburgo também ficou evidente no Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola, no qual o país subiu para a 112ª posição em abril. Esta é a melhor colocação desde setembro de 2012, quando a equipe chegou a ficar no 106º lugar.
"Há vários motivos", analisou o treinador. "Em primeiro lugar, eu colocaria a mudança na política relacionada à filosofia de jogo. Na nossa mentalidade muito defensiva, aumentamos nos últimos meses o foco sobre a posse de bola. Por meio desta orientação vários jogadores se desenvolveram positivamente e se tornaram interessantes para equipes do exterior, isto é, clubes profissionais. Além disso, os jogadores fizeram enormes progressos no campo mental desde que começamos a pensar e agir de modo mais positivo. Não entramos mais nos jogos para perder, e sim para ganhar."
Esta nova autoconfiança de um selecionado que costuma ser amplamente considerado azarão rendeu grandes frutos justamente nas eliminatórias para o Brasil 2014. No dia 10 de setembro de 2013, uma espera de 41 anos de Luxemburgo por uma vitória em casa nas eliminatórias para a Copa do Mundo chegou ao fim. O triunfo por 3 a 2 contra a Irlanda do Norte foi o primeiro diante da sua torcida desde 1972, quando o país vencera a Turquia por 2 a 0. Mas a última vitória de Luxemburgo pelas eliminatórias para um Mundial havia acontecido no exterior. Em 10 de setembro, mas de 2008, os luxemburgueses surpreenderam ao bater a Suíça por 2 a 1.
E já que o assunto são as raras vitórias da seleção do pequeno país, outra muito notável aconteceu no dia 8 de outubro de 1961. Nas eliminatórias para a Copa do Mundo da FIFA Chile 1962, os luxemburgueses derrotaram a poderosa seleção portuguesa, que contava com astros como Eusébio, José Águas e Mario Coluna. Esperava-se que os lusos superassem a Inglaterra e ficassem na primeira colocação do seu grupo, conseguindo assim se classificar direto para um Mundial pela primeira vez. Mas eles foram surpreendidos, e Luxemburgo comemorou uma vitória graças a três gols de Adolphe Schmit, conseguindo os três pontos pela primeira vez depois de 17 derrotas consecutivas em torneios classificatórios.
No futebol tudo é possível
As expectativas no grão-ducado também mudaram muito desde então. É verdade que o país ainda não conseguiu se classificar para uma Copa do Mundo ou uma Eurocopa, mas é justamente esse o plano de Luxemburgo para o futuro. "Com o aumento do número de participantes na Eurocopa de 16 para 24, este pode e deve ser o nosso objetivo", afirmou Holtz. "Para isso a terceira colocação do grupo já pode ser o suficiente. Isso nos dá motivação, e as esperanças crescem. Com este objetivo em mente, queremos trabalhar com ainda mais intensidade e meticulosidade." 
Mas Hotz não pensa apenas em se classificar para um grande torneio. "O objetivo é repetir o desempenho das últimas partidas", prosseguiu o treinador. "Para mim, o mais importante é como a equipe joga, a forma como atuamos, como entramos nas divididas e o quanto de posse de bola conseguimos manter. O resultado não é o mais importante. Se o desempenho é bom, o resultado também é positivo. Se o nosso rendimento não é o esperado, frequentemente saímos de campo de mãos vazias."
Os adversários de Luxemburgo nas eliminatórias para a Eurocopa 2016 serão Espanha, Ucrânia, Eslováquia, Bielorrússia e Macedônia. Antes disso, a equipe disputará partidas amistosas contra dois participantes do Brasil 2014, a Bélgica (26 de maio) e a Itália (4 de junho). O simples fato de o selecionado luxemburguês estar procurando adversários entre os melhores do mundo já mostra como são grandes as expectativas.
"Tudo é possível no futebol", afirmou Holtz. "É exatamente por isso que esse esporte é tão belo e emocionante. Mesmo que as nossas chances sejam muito pequenas contra as grandes potências, sempre pode acontecer uma surpresa. Não é porque a área do nosso país é pequena que precisamos nos esconder e nos abater. Todos precisam entender isso. O futebol não é uma ciência, e há muitos aspectos imprevisíveis que não podemos planejar. Como tenho uma grande confiança nos meus jogadores, estou convencido de que também vamos chamar atenção no futuro próximo."
A fome de sucesso dos leões de Luxemburgo é evidente e não para de crescer. Parece ser apenas uma questão de tempo até que o pequeno país consiga escrever mais um capítulo de sucesso na história do seu futebol.