quarta-feira, 28 de outubro de 2015

                     Falta um Figo na eleição da Fifa

Um ex-jogador de fama global e, aparentemente, limpo para executar as mudanças estruturais que o futebol tanto necessita.
Se a candidatura de Zico já nasceu com pinta de irreal, a de Luís Figo poderia ter sido diferente.
A ausência do ex-jogador português, eleito o melhor do mundo em 2001, é a notícia mais triste da eleição que irá definir o sucessor de Joseph Blatter na presidência da Fifa.
O craque de Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão, que desistiu em cima da hora de concorrer no pleito de maio passado, desta vez nem tentou alavancar sua candidatura.
A alegação de Figo é que a eleição na Fifa não é transparente e que o colégio eleitoral que escolhe o presidente da entidade, ou seja, os comandantes das associações nacionais, não são propriamente pessoas do bem.
Figo
A ausência de uma candidatura como a do português destrói a esperança de que os rumos do futebol mundial irão para mãos confiáveis.
Apenas um dos sete candidatos à presidência da Fifa é ex-jogadore, como Figo.
Mas o francês Michel Platini, um astro do tamanho ou maior que o português, nem sabe se poderá competir porque cumpre suspensão devido ao recebimento de um dinheiro suspeito pago por Blatter. O trinitário David Nakhid, um total desconhecido, acabou não tendo sua candidatura confirmada pela Fifa.
Os outros seis candidatos representam as estruturas de poder que já dominam há tempos a política do futebol mundial.
Começando pelos europeus, o advogado suíço Gianni Infantino é a alternativa da Uefa para o caso de Platini não poder participar da corrida. Secretário-geral e braço direito do francês, o carequinha representa para o cartola francês o mesmo que Jérôme Valcke valia para Blatter.
Já o francês Jérôme Champagne se vende como um outsider, mas isso é tudo que ele não é. Defensor do uso do futebol para resolver conflitos geopolíticos, ele passou mais de dez anos trabalhando com Blatter na Fifa.
Indo para a Ásia, temos o príncipe jordaniano Ali bin Hussein, que enfrentou Blatter nas eleições de maio. Membro do comitê-executivo da Fifa entre 2011 e 2015 e tratado há anos nos bastidores como alguém que um dia ocupará a presidência, ele representa os petrodólares que têm financiado o futebol mundial nas últimas décadas.
Outro oligarca desse mundo, que está estampado na camisa do Barcelona e sustenta o PSG e o Manchester City, é Salman bin Ibrahim Al-Khalifa, membro da família real do Bahrein e presidente da confederação asiática desde 2013.
Por fim, há os africanos. Presidente da Associação de Futebol da Libéria, Musa Bility é praticamente uma carta fora do baralho, já que não conta nem mesmo com o apoio de sua confederação continental.
O nome da vez no continente é do sul-africano Tokyo Sexwale. O ex-militante antiapartheid tem uma história linda, já que ficou preso junto com Nelson Mandela. Mas ele participou do comitê organizador da Copa do Mundo-2010 e também fez parte da administração Blatter na Fifa.
E você, confia em algum desses homens para ser o próximo presidente da Fifa?

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